tantos planos

Publicado: 16/12/2017 em hoje mesmo

Semana passada fazia planos para deixar de fumar, nessa madrugada acendo um cigarro no fim do outro, um pouco por não ter isqueiro, um muito como se quisesse reciclar tudo que tem dentro, como se assim pudesse tirar do peito tudo o que pesa, o que dói. Tanta coisa por vir, tanta coisa por fazer, tanta coisa acontecendo lá fora e eu, preso aqui dentro de mim, será a crise da meia idade?

É estranho chegar aos quarenta, nunca havia pensado nisso. É estranho e é bonito. Ser pai, de novo, aos quarenta… Uma agonia doida de querer fazer tudo já. Se pudesse adiantava o tempo das coisas todas, ia me afogar é claro, mas adiantava. Tanta coisa foi embora, tanta gente, tantos planos. Claro que há muitos outros agora, diferentes, mais sinceros, mais brilhantes e por que não mais bonitos?

Estranho voltar aqui agora depois de tanto tempo ausente…

Já houve o tempo de sonhar

Publicado: 11/12/2015 em (is she weird)

Não foram muitos os meses, ainda que pareça uma grande história é uma história incompleta, dessas que talvez nunca tenham outro final além deste.
Tão pouco foi assim tão bom, ainda que longe de não ter sido nada.

Houveram risos, choros, planos e descontentamentos.

Houve tudo até virar nada, o que engole. O tempo cura, vão dizer, o tempo mata, transforma em pó, não só os ossos.

#1

Publicado: 18/05/2013 em (is she weird)

o problema não está no lugar, está nas pessoas.

No meio da noite uma dor aguda, um estranhamento mútuo sem razão. Ela se foi, não disse bem o motivo. Imagino que cansou ou que se cansa, até mesmo que é bipolar, eu não sei. Imagino que imagina coisas e as torna reais. Mas aí seria eu imaginando coisas e as tornando reais. Afinal, não é isso a imaginação?

A mente, mente.

Fé voraz que seria pior ou que seria melhor sem viver, sem sentir de verdade onde dói. Talvez no túmulo, o cúmulo do fim. Quem sabe a sombra de uma figueira antiga,  num dia cheio de céu e sol manso de inverno. Um pique-nique improvável. Dispostos sobre o chão os dias de paixão e delírio, uma fina taça de rosé, alguns cigarros, sorrisos, suspiros…

 

Acometido por uma forte insônia pungente, sigo
Como se flutuasse ao ponto de nada tocar.
Nem o chão, nem as estrelas
Diferente de outras noites do passado
Não há torpor, não há terror
Há apenas tudo o que não sou
E também tudo o que já fui
A incerteza do que vem a seguir
E a certeza de que não há mais tanta asneira, nem amoras.
Só o silêncio quebrado pelos pássaros cantando
O movimento dos ponteiros que raiam o dia
E a doce segurança de estar só
E, por assim dizer, melhor.

Rubato

Publicado: 30/08/2012 em (is she weird)
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Mas só se for agora
Venha ouvir sem mais demora
A nossa música
Que estou roubando de outro compositor
E já retoco os versos com maior talento
Dou um polimento e exponho na televisão
O nosso amor
A nossa íntima canção
As nossas mais tórridas confidências
Para audiências mundo afora
E vai lançar seu nome, Amora
A minha última canção
Venha, meu amor, venha ouvir, Amora
A nossa música

P.S.

Rubato – adj (ital) Mús. Diz-se de uma interpretação em que há liberdade rítmica. sm O trecho musical assim interpretado.

não me (h)ouve?

Publicado: 17/08/2012 em No one knows
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não me ouve ou não me houve?

refém

Publicado: 17/05/2012 em No one knows
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Como se corresse, corresse muito, sem sair do lugar
E voasse, voasse alto, sem tirar os pés do chão
Ouvia baixinho, quase sussurro, quase sussurros…
Impeliam e impediam, nunca menos, nunca demais.

Boas notícias, sim, eram boas notícias naquele recado
Ainda que simples, bem simples, sempre sinceras
Traziam lembranças, saudades dos planos,
Dos tapas, dos trapos, e da dor do coração em farrapos

Game over salvo, volta o tape
Sem sentido, sem sentido
Imagens sobrepondo-se, uma a uma em cores diferentes
Vejo dragões pegando fogo.

agora ou já

Publicado: 17/05/2012 em No one knows

Preciso te dizer tudo agora!
Antes que perca as palavras
Antes que me perca entre as palavras
Antes que elas percam o sentido
Antes que o mundo acabe
E que se acabe meu improviso

Em cada manhã preguiçosa e nas tardes quentes que levam o verão embora. Um buquê de cores fortes como as de um quadro de van gogh, ou, um dia todo, juntos, depois mais um. Uma noite, três sonhos de se esquecer, olho você, estou sem roupa e rio. Mais um sonho e outra semana se foi, pra chegar outra e um mês. Um ano diferente dos outros três, assim como todos deveriam ser.

uma gota…
mais uma…
e eu transbordo.

#13

Publicado: 18/01/2012 em C'est la vie!

Acometido por uma felicidade pulsante e aparentemente sem motivo (mesmo sabendo que sempre há motivo).

 

Eu vou.

onde foi?

Publicado: 15/01/2012 em hoje mesmo

nunca quis ser nada disso
e nem tudo aquilo que disseram
nunca.
onde estive antes me trouxe até aqui agora,
é nesse lugar então que sobrevivo.
o amanhã eu faço hoje
e seja lá onde for, eu vou, inteiro.

#

Publicado: 11/01/2012 em aforismo

as lembranças mais sutis sempre nos tomam de assalto

momentos

Publicado: 10/01/2012 em hoje mesmo
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Algumas coisas, eu sei, que nunca são esquecidas
Os dias bons de sol e frio, os risos e delírios
Memórias penduradas em um quadro verde
Sueguras por percevejos dourados.

Uma série de momentos leves e felizes,
como fotografias que não desbotaram com o tempo, ainda.
E ainda há muito a se viver, e muitas outras coisas a se pendurar
Quem sabe até melhor do que os que pendurei agora.

Que seja.

abre aspas

Publicado: 30/11/2011 em hoje mesmo

Metas, planos, estratagemas, rumos, paradeiro.

Já não sei sorrir.
Não tenho nada.
Pelas ruas ando com um fantasma de mim mesmo
Uma lembrança parca de algo que já fui.
Não há peso e também não há leveza.
Só a gravidade e a vontade de te ver que não some
Te vejo na semiótica das ruas,
nas sombras, nos cantos.
Via flores em repolhos,
agora já não vejo nada.

Relógio, morre –
Relógio, morre –
Momentos vão…
Nada já ocorre
Ao coração
Senão, senão…

Bem que perdi,
Mal que deixei,
Nada aqui
Montes sem lei
Onde estarei…

Ninguém comigo!
Desejo ou tenho?
Sou o inimigo –
De onde é que venho?
O que é que estranho?

(Fernando Pessoa)

#citações

Publicado: 23/09/2011 em aforismo

“Para mim ser é admirar-se de estar sendo” (Fernando Pessoa)

#poetisa

Publicado: 14/09/2011 em hoje mesmo
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“o Mal não foi criado, fez-se, arde como ferro em brasa, e quando quer esfria, é gelo, neve, tem muitas máscaras, por sinal, não gostaria de se desfazer das suas e trazer a paz de volta (…)?” (Hilda Hilst)

sometimes

Publicado: 14/09/2011 em C'est la vie!

“Às vezes você perde algo que não queria perder, mas acaba ganhando algo que nem poderia imaginar conquistar”

tudo que eu viva, possa viver muito.
e tudo que eu sonhe, possa realizar sempre,
e tudo que eu queira, possa ter o tempo todo,
que você também me queira, porque sou seu…

inteiro e todo.

citações

Publicado: 05/09/2011 em No one knows
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“Que ninguém diga Eu Amo sem estar
certo do quanto é necessário para alimentar
uma partícula arruinada, um fio de cabelo
que joga uma sombra no universo inteiro”.

W.H. Auden

wonderland

Publicado: 29/08/2011 em C'est la vie!
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“Nunca imagine que você não é senão o que poderia parecer aos outros que o que você foi ou poderia ter sido não era senão o que você tinha sido que lhes teria parecido diferente”
(Lewis Carrol – Alice no país das maravilhas)

eu sinto

Publicado: 29/08/2011 em No one knows
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Todas as coisas que disseste
ecoam dentro de mim e não me deixam dormir.
Ainda que eu tente não mostrar
Eu sinto sim, eu sinto muito

me conta sobre seu sonho estranho
coloca uma música doce pra tocar
diz que não sabe, de seu amor, qual o tamanho
que quer correr, e é culpa do medo de se apaixonar

me leva para aquela praça antiga
grita que quer passar a noite inteira assim, do lado
confidencia que sempre quis ser mais do que amiga
que espera que nunca nada dê errado

me convida pra fugir depois do primeiro raio de sol
pega na minha mão, diz que quer sentir tudo o tempo todo
pede pra trocar de música, que não é mais hora de ouvir rock n’ roll
explica que de alguma maneira, mesmo se distantes, estaremos sempre juntos, de algum modo

olha com olhos de caleidoscópio as flores de celofane verde e amarelo que fiz
abre uma cerveja, deita no tapete da sala e me faz te amar
sai e volta correndo, gargalhando por ter escapado da chuva por um triz
beija minha boca, diz no meu ouvido que nunca mais quer chorar…

e ri.

queria escrever coisas cruas, desenhar mulheres nuas, cabelos não curtos, nem compridos, queria fazer valer a pena o tempo todo sem ter que esperar os dias alegres chegarem. Não queria mais matar o tempo pensando em coisas que provavelmente me matariam de fome, como saudade ou beijo na boca. Não vou mais pensar na dor das coisas que não voltam mais. O mesmo chão que agora sinto me deixa em pé o tempo todo, sempre mais forte, sempre melhor. A solidão me abriga em toda esquina.  Lembranças de extratos bancários do ano passado, amassados pelo tempo, as letras que nos ligavam como sujeito e verbo de uma mesma frase conjugada no pretérito imperfeito desapareceram.

Lágrimas caídas em camas diferentes.

[na vitrola : Você não entende nada/Cotidiano – Chico e Caetano (ao morto)]

1 de julho

Publicado: 01/07/2011 em No one knows

Só pra registrar

Plantei uma árvore na sede da Via Brasil TV – Record News, um Ipê Amarelo.
Já tenho um filho, plantei uma árvore (que espero que vingue), falta escrever um livro.

Um dia eu chego lá.

Dia morno, o sol despejava raios preguiçosos por toda a casa, a grama tinha tons verdes mastigados e ela corria, uma versão Lola brasileira, alucinada, longos e noturnos cabelos,  jeans,  all-star, já não ficava claro qual era a banda da sua camiseta branca. Enxergava só a casa, via lembranças da infância e tinha medo do “quando a gente morre passa um filme”.

Mais alguns passos e a calçada, um grito, pessoas. Ela precisava encontrar aquelas pessoas, sabiam tudo sobre ela, seus sonhos, frustrações, eram carne. Iriam ajudá-la, isso é certo. E o fizeram.

Eram dois buracos. Dois Tiros ? Se eram, eram dois, mas isso não importava, eles sabiam o que fazer. Como que guiados de dentro pra fora, sem toque, saíram. E eram dois parafusos o que havia dentro dela.

Não sei se era medo ou desespero. Mas ela continuou, correu e entrou na casa em frente, havia um salão imenso, ela atravessou, subiu as escadas, gritando calada, abriu a porta do quarto sabendo exatamente o que queria, deitou-se ao lado da janela, o vento balançava as cortinas que ao passarem pelo seu corpo manchavam-se de sangue, já não tinha nada, apenas sangue, olhou pro lado e sorriu. Recostou a cabeça no meu peito, olhou um longo tempo nos meus olhos e dormiu.

eu não quero mais sonhos
quero mais do que morder, quero ser mordido!

Permeado de sonhos e cortando o horizonte,
O céu azul, a brisa calma e sol escaldante.
A própria sombra se esconde e sofre calada,
Mais um dia na peleja da beleza de querer.

Sonhos que se consolidam, toda noite, mais distantes
Sufocam a alma da alegria que fenece ante a tristeza.
As cores dos dias não acalentam a dor que há a noite
E a solidão que se espreguiça embaixo da cama sem lençol

O corpo todo em uma vibração diferente
Anos e anos de ostracismo.
Noite e dia, perdido.
Despertando de um sono estranho em uma noite quente,
O nariz sangrando, os olhos coçando e a boca seca.
Sede! Sede de ser e poder ser
Na pele, mais que tatuagem, desejo
Na cama…

Nada.