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queria escrever coisas cruas, desenhar mulheres nuas, cabelos não curtos, nem compridos, queria fazer valer a pena o tempo todo sem ter que esperar os dias alegres chegarem. Não queria mais matar o tempo pensando em coisas que provavelmente me matariam de fome, como saudade ou beijo na boca. Não vou mais pensar na dor das coisas que não voltam mais. O mesmo chão que agora sinto me deixa em pé o tempo todo, sempre mais forte, sempre melhor. A solidão me abriga em toda esquina.  Lembranças de extratos bancários do ano passado, amassados pelo tempo, as letras que nos ligavam como sujeito e verbo de uma mesma frase conjugada no pretérito imperfeito desapareceram.

Lágrimas caídas em camas diferentes.

[na vitrola : Você não entende nada/Cotidiano – Chico e Caetano (ao morto)]

O corpo todo em uma vibração diferente
Anos e anos de ostracismo.
Noite e dia, perdido.
Despertando de um sono estranho em uma noite quente,
O nariz sangrando, os olhos coçando e a boca seca.
Sede! Sede de ser e poder ser
Na pele, mais que tatuagem, desejo
Na cama…

Nada.

Olhar pra trás e olhar em frente
respirar fundo, respirar forte.
Sentir saudade do que não faz mais sentido
Sentir o vento, tomar chuva nas ruas da cidade nova
Correr, subir e descer.
Chorar e sorrir também…
Lutar, perder e ganhar.
Mas, além disso aprender.
Antes de tudo viver.
Tudo novo, a rua, as casas e as pessoas
A vontade e os sonhos ainda são os mesmos
A solidão e a saudade também…