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tantos planos

Publicado: 16/12/2017 em hoje mesmo

Semana passada fazia planos para deixar de fumar, nessa madrugada acendo um cigarro no fim do outro, um pouco por não ter isqueiro, um muito como se quisesse reciclar tudo que tem dentro, como se assim pudesse tirar do peito tudo o que pesa, o que dói. Tanta coisa por vir, tanta coisa por fazer, tanta coisa acontecendo lá fora e eu, preso aqui dentro de mim, será a crise da meia idade?

É estranho chegar aos quarenta, nunca havia pensado nisso. É estranho e é bonito. Ser pai, de novo, aos quarenta… Uma agonia doida de querer fazer tudo já. Se pudesse adiantava o tempo das coisas todas, ia me afogar é claro, mas adiantava. Tanta coisa foi embora, tanta gente, tantos planos. Claro que há muitos outros agora, diferentes, mais sinceros, mais brilhantes e por que não mais bonitos?

Estranho voltar aqui agora depois de tanto tempo ausente…

onde foi?

Publicado: 15/01/2012 em hoje mesmo

nunca quis ser nada disso
e nem tudo aquilo que disseram
nunca.
onde estive antes me trouxe até aqui agora,
é nesse lugar então que sobrevivo.
o amanhã eu faço hoje
e seja lá onde for, eu vou, inteiro.

momentos

Publicado: 10/01/2012 em hoje mesmo
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Algumas coisas, eu sei, que nunca são esquecidas
Os dias bons de sol e frio, os risos e delírios
Memórias penduradas em um quadro verde
Sueguras por percevejos dourados.

Uma série de momentos leves e felizes,
como fotografias que não desbotaram com o tempo, ainda.
E ainda há muito a se viver, e muitas outras coisas a se pendurar
Quem sabe até melhor do que os que pendurei agora.

Que seja.

abre aspas

Publicado: 30/11/2011 em hoje mesmo

Metas, planos, estratagemas, rumos, paradeiro.

Já não sei sorrir.
Não tenho nada.
Pelas ruas ando com um fantasma de mim mesmo
Uma lembrança parca de algo que já fui.
Não há peso e também não há leveza.
Só a gravidade e a vontade de te ver que não some
Te vejo na semiótica das ruas,
nas sombras, nos cantos.
Via flores em repolhos,
agora já não vejo nada.

#poetisa

Publicado: 14/09/2011 em hoje mesmo
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“o Mal não foi criado, fez-se, arde como ferro em brasa, e quando quer esfria, é gelo, neve, tem muitas máscaras, por sinal, não gostaria de se desfazer das suas e trazer a paz de volta (…)?” (Hilda Hilst)

me conta sobre seu sonho estranho
coloca uma música doce pra tocar
diz que não sabe, de seu amor, qual o tamanho
que quer correr, e é culpa do medo de se apaixonar

me leva para aquela praça antiga
grita que quer passar a noite inteira assim, do lado
confidencia que sempre quis ser mais do que amiga
que espera que nunca nada dê errado

me convida pra fugir depois do primeiro raio de sol
pega na minha mão, diz que quer sentir tudo o tempo todo
pede pra trocar de música, que não é mais hora de ouvir rock n’ roll
explica que de alguma maneira, mesmo se distantes, estaremos sempre juntos, de algum modo

olha com olhos de caleidoscópio as flores de celofane verde e amarelo que fiz
abre uma cerveja, deita no tapete da sala e me faz te amar
sai e volta correndo, gargalhando por ter escapado da chuva por um triz
beija minha boca, diz no meu ouvido que nunca mais quer chorar…

e ri.

eu não quero mais sonhos
quero mais do que morder, quero ser mordido!

Permeado de sonhos e cortando o horizonte,
O céu azul, a brisa calma e sol escaldante.
A própria sombra se esconde e sofre calada,
Mais um dia na peleja da beleza de querer.

Sonhos que se consolidam, toda noite, mais distantes
Sufocam a alma da alegria que fenece ante a tristeza.
As cores dos dias não acalentam a dor que há a noite
E a solidão que se espreguiça embaixo da cama sem lençol

não entendo tudo quanto é isso de te ter dentro de mim,
a história não precisa acabar antes do começo.
de repente é bom de vez em quando um tropeço,
ando cansado de tudo ser sempre assim.

pode -se sentir, em um dia cinza, chuvoso e frio de outono
as coisas perdendo a direção, tornando-se maiores a cada segundo.
talvez seja assim que se construa um novo mundo,
o querer cresce aquece,  sem querer, o estado pálido e morno.

eu sigo à deriva entre o que será e o que é,
não desisto de querer, de sentir, de lutar.
ainda que em alguns momentos não faça ideia de onde tudo isso vai dar,
não deixo de querer, não perco a fé.

como se algo implodisse o estômago,
como se fugissemos pra algum lugar muito longe.
afastados da civilização tal qual um monge
querendo você aqui, no fundo do meu amâgo

Nos últimos dias tive a oportunidade e o prazer de ler dois quadrinhos em forma de livros (ou seria o contrário?).

Então, uma pergunta me veio à mente:

– Quadrinho pode ser considerado literatura? Ou é arte? Mistura dos dois?

Pra quem gosta de quadrinhos, ou pra quem gosta mais ou menos (como eu), segue aí a dica.

Persépolis – Marjane Satrapi
‘Persépolis’ é a autobiografia em quadrinhos da iraniana Marjane Satrapi e, nesta edição, é publicada em volume único, que reúne as quatro partes da história. Marjane Satrapi tinha apenas dez anos quando se viu obrigada a usar o véu islâmico, numa sala de aula só de meninas. Nascida numa família moderna e politizada, em 1979 ela assistiu ao início da revolução que lançou o Irã nas trevas do regime xiita – apenas mais um capítulo nos muitos séculos de opressão do povo persa. Vinte e cinco anos depois, com os olhos da menina que foi e a consciência política à flor da pele da adulta em que se transformou, Marjane emocionou leitores de todo o mundo com essa autobiografia em quadrinhos, que só na França vendeu mais de 400 mil exemplares. Em ‘Persépolis’, o pop encontra o épico, o oriente toca o ocidente, o humor se infiltra no drama – e o Irã parece muito mais próximo do que poderíamos suspeitar.

Kiki de Montparnasse – escrita por José-Louis Bocquet e desenhada por Catel Muller

A obra ganhou vários prêmios na França e foi apontada como um dos títulos essenciais no Festival Internacional de Quadrinhos de Angoulême de 2008. Trata-se de uma biografia em quadrinhos, que engloba desde o nascimento de Alice Prin (nome verdadeiro da protagonista) na vila francesa de Châtillon-sur-Seine, em 1901, até a sua morte.

Passando, é claro, pelo auge de Kiki de Montparnasse, que na Paris boêmia dos anos 1920, era uma das figuras mais carismáticas e adoradas. De modelo para pintores e fotógrafos a cantora e atriz, ela foi companheira do norte-americano Man Ray e musa de outros tantos como Kisling, Fujita, Per Krog, Calder, Léger, Utrillo, Picasso, Cocteau, Modigliani.

Kiki de Montparnasse mostra a ascensão e queda dessa estrela do começo do século 20 e é fruto de uma extensa pesquisa por parte dos autores. Não só da vida da personagem retratada, mas também do visual arquitetônico e dos trajes da época.

P.S – Pra quem não teve vontade de ler os textos, os dois quadrinhos retratam a vida de personagens que realmente existiram. Vale mesmo a pena!

de quando em vez um gesto me faz pesar as consequências de ser e de ser assim.
e ser assim é penar pelas escolhas de antes pras coisas que são agora,
um pé entre a insegurança e a insatisfação de não estar inteiro em tudo que se faz.
um meio antigo, inimigo das paixões avassaladoras: o medo.
o medo do silêncio que precede a possibilidade de um não sonoro ou abafado,
os dedos em pedaços, juntos como se as raízes da possibilidade plantassem-se ali
e dali tirassem seu sustento, alimento imaginário das almas que suscetíveis a qualquer adversidade escondem-se nas sombras do que não são.
impelidos pelo vento que sopra em seus ouvidos refletindo o que se quer escutar, seguem sem saber pra onde ir.
em direção ao que se espera ter amanhã mas que, também, poderia ser hoje.

ser já.
que seja então.

quero nada

Publicado: 16/03/2010 em hoje mesmo
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quero o gosto da carne crua,
quero a dor de quem sente saudade olhando pra lua.
quero o orgasmo incontido dos que amam,
quero sentir na pele e na alma a angústia dos que clamam.

nada que não seja inteiro me interessa,
nada que demore outra era, tenho pressa.
nada que acabe logo ou que em seu fim não cause dor,
nada que não transpire sexo e desatino, por favor.

viver na ponta dos cascos,
como se a vida estivesse na ponta dos dedos
(e está),
viver agora.
Fazer parte das milhares de coisas que acontecem lá fora.

Fugir da tediosa monotonia de quem apenas respira,
acontecer maior, melhor e mais feliz.
Atirar-se no futuro como quem pula de um penhasco
pra poder ser tudo o que se quis.

O que ainda será também começa agora,
mesmo que as coisas forem depois,
o depois vai ser agora também.
Não dá pra só esperar tudo dizendo: – Amém!

dias ruins permeados de coisas boas;
um beija-flor pousado em uma flor,
um senhora de 83 anos, com jeito de menina,
me contou a vida num ouvido,
e pediu pra eu sempre visitá-la.
No outro ouvido, a menina que soube sonhar
e sabe mais ainda quando acorda, me conta coisas boas.
Contou a história linda de um bem-te-vi que caiu do galho ainda bebê,
que cresceu, libertou-se mas nunca mais esqueceu da casa que viveu.
Me disse que a vida é faz de conta,
que eu preciso pensar de forma positiva
diz que a chave pra se estar feliz é ser sincero com o que se sonha.
Me explicou que a vida é faz de conta,
que é preciso pensar de forma positiva,
o segredo pra se estar feliz é ser sincero com o que se sonha.
Me falou que todo o resto vem de encontro quando a gente se encontra,
e quer me encontrar em algum lugar entre aqui e acolá.
Pra, finalmente, me ensinar a voar.

re-conhecer

Publicado: 07/01/2010 em hoje mesmo
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Reconhecer, rever, reparar, retocar, revolver, resolver, revisitar, reabastecer, reabrir, reabilitar, reagir, relutar, redimir, reagina, regravar, realeza, regalar, realinhar, reagrupar, renascer, realizar, reestruturar, reescrever, rebuscar, regravar, revitalizar, restaurar e remar, remar, remar…

Xmas.

Publicado: 27/12/2009 em hoje mesmo

Chegou, passou, veio e não ficou…
Só restou a saudade do último que eu queria que fosse o próximo
Que fossem próximos, que pudesse estar próximo a ti.
Que foi pra tão longe e me deixou aqui, tão só.

Feliz natal…
Na verdade queria que fosse horrível, queria que você sentisse a mesma dor que sinto agora
Que sentisse falta e, assim, desse sinal  de vida.
Queria que me ligasse, mesmo que me xingasse
Adoraria ouvir a sua voz,

mas não tenho nada, nem a mim e ainda menos a ti.
Seja feliz,
Afinal, você sabe, sempre fui menino, mas nunca quis ser jesus.
Ame-se e esqueça-me.

até o fim.

o que é saudade comparado à sensação que tenho agora?
A sua inevitável ausência em meus braços,
a falta que fazem seus lábios nos meus,
seu jeito inseguro, seu sonho maduro, nossos passeios noturnos…
Já vivi, já senti coisas parecidas assim, mas nada tão forte…
nada tão simples e nunca tão leve.
E te levo, te levo comigo. Bem dentro, inteira.
Em cada esquina que dobro, em cada canto que canto.
Nos sonhos que acordo querendo mais sonhos,
Te quero, te prezo, te espero.
Todo dia um dia a mais, todo dia um dia a menos.
Te peço, apenas seja você e, se puder, também seja minha.

Olhando agora pra tudo o que já foi,
concluo que nada valeu a pena,
E ao mesmo tempo tenho saudade de quase tudo.
Vem a sensação de que tenho um buraco negro no estômago toda vez que penso no futuro.
O que eu vejo são invariáveis variando
Perto, pertinho, nunca, nunquinha…
Literatura se escreve com as mesmas letras de um cardápio
E o dia amanhace mesmo no horário de verão.

em tudo.

Publicado: 16/10/2009 em hoje mesmo
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Em tudo que existo ainda sou,
Se ainda és aqui o nada mais que o tudo
Venho a ti pra pedir
Um pouco mais do que jamais deste a outro.
Antes e depois estarei ali
Do lado que quiser
Nem a frente, nem atrás
Juntos, como um.
Assim, para sermos mil, milhões.
Ainda que em dois,
Talvez em mais…
Os dias de sol,
Os dias de chuva…
Cada escolha agora representa o que seremos
E nos tornará mais e mais
Por todo sempre, sempre será,
Seremos o que fomos e o que quisermos.
Pois, minha vida começou quando começamos,
E não termina no meu fim
Sei que teremos dias e noites assim
E assim serão por falta ou por êxtase
Nem por eu nem por você
Nem o mais e nem a falta
Só o que te mostro, só o que sou
E sou todo, inteiro teu.
Mesmo que não veja e não sinta
E ainda que insista em não querer,
Ainda assim, ainda assim..
Estou e estarei por ti
Ainda assim muito mais por mim
Pois, só sendo eu, serei teu…
Serei pleno

talvez eu devesse mudar de sala, sair da vala,
cair na água pra lembrar como é prender a respiração,
alguma forma estranha de provar pra si mesmo que ainda há vida.
Esse corpo sustenta algo além de carne e osso,
algo que sente o medo ir embora, vê o rumo saindo do prumo.
Pintando coisas no teto daquela casa escura onde vivíamos,
cores sobrepostas em tons de amarelo mostarda com azul claro.
Aquela boca vermelha cor de sangue vivo fumava um cigarro muito longo.
Carro, estardalhaço, vidros quebrando, tudo estragado.
Vinhos de qualidade duvidosa em cima das mesas da sala-de-estar.
Em cada beleza há sempre uma tristeza que não passa,
como um choro que não vem com a vida que se tem,
como o bispo que comeu a rainha e levou xeque-mate do cavalo.
Uma avenida iluminada por ideais efervescentes,
uma embarcação de vírgulas mal usadas tristonhas desafia asteriscos.
A imagem continua fora de foco mesmo depois que os letreiros sobem.

FIM

Tento escrever mas não consigo, como se não conseguisse transpor em palavras as coisas do dia-a-dia. O reflexo de tudo que escrevo está exatamente no que vejo, não sei se agora os dias é que são iguais ou se sou eu quem vê sempre a mesma coisa.

Ao contrário, tenho a sensação de que nada vejo. Cansei de esperar que algo arrebatador me arraste para o seu lado torto. Sinto melhor as coisas do mundo quando estou triste e isso é engraçado, Também há graça na própria tristeza.

Sonhos desprovidos de sorte acabaram, diluíram como café instântaneo no leite, nunca mais serão sonhados assim, acordados. A força devastadora do fim levou tudo com ela e deixou marcas.

[na vitrola: Los Hermanos – Morena]

Começar um blog é algo meio maluco, não?

Essa é a quarta vez que começo um, interrompendo, transferindo ou matando o antigo. Dessa vez é mudança sedentária, pra unir os dois blogs do  wordpress que “quase” participo.

E também pra ver se assim, animado com este novo espaço, volto a escrever  com maior frequência.
E, antes de tudo, porque mudar é preciso, andar por outras ruas, dormir em outras camas, ouvir outras músicas e seguir.
É um senão de urgência, das coisas que são necessárias ontem, aquelas que nos fazem falta hoje e não temos certeza se a teremos amanhã. Coisas que seriam muito melhores se acontecessem hoje mesmo.

Aquele beijo que ainda não foi e quer ser agora ou o aque le que já foi e quer ser de novo. Aquela dança que precisa de par pra já, antes que acabe.
Para as noites que passamos sozinhos querendo companhia agora…