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Dia morno, o sol despejava raios preguiçosos por toda a casa, a grama tinha tons verdes mastigados e ela corria, uma versão Lola brasileira, alucinada, longos e noturnos cabelos,  jeans,  all-star, já não ficava claro qual era a banda da sua camiseta branca. Enxergava só a casa, via lembranças da infância e tinha medo do “quando a gente morre passa um filme”.

Mais alguns passos e a calçada, um grito, pessoas. Ela precisava encontrar aquelas pessoas, sabiam tudo sobre ela, seus sonhos, frustrações, eram carne. Iriam ajudá-la, isso é certo. E o fizeram.

Eram dois buracos. Dois Tiros ? Se eram, eram dois, mas isso não importava, eles sabiam o que fazer. Como que guiados de dentro pra fora, sem toque, saíram. E eram dois parafusos o que havia dentro dela.

Não sei se era medo ou desespero. Mas ela continuou, correu e entrou na casa em frente, havia um salão imenso, ela atravessou, subiu as escadas, gritando calada, abriu a porta do quarto sabendo exatamente o que queria, deitou-se ao lado da janela, o vento balançava as cortinas que ao passarem pelo seu corpo manchavam-se de sangue, já não tinha nada, apenas sangue, olhou pro lado e sorriu. Recostou a cabeça no meu peito, olhou um longo tempo nos meus olhos e dormiu.